Folha de Manica

Frelimo não largará o poder: um partido moldado para governar indefinidamente

Lourenço do Rosário afirma: Frelimo não está pronta para partilhar o poder




Maputo, 3 de Abril de 2025 – O académico Lourenço do Rosário considera que a Frelimo ainda não está preparada para abdicar do poder nem para partilhar a governação. 

A declaração surge em entrevista ao jornal Ponto por Ponto, onde comenta o actual cenário político moçambicano, à luz do discurso de inclusão proferido pelo Presidente da República, Daniel Chapo, aquando da sua investidura.

Antigo mediador não oficial entre a Renamo e o Governo, do Rosário foi incisivo ao afirmar que o partido no poder mantém resistência à partilha de responsabilidades governativas, contrariando a retórica de reconciliação e abertura.

Questionado sobre os 50 anos da independência de Moçambique e os desafios persistentes no fortalecimento da democracia, Lourenço do Rosário explicou que a construção do Estado moçambicano está intrinsecamente ligada à luta armada pela independência, o que moldou o perfil das instituições e dos actores políticos.

 Na sua análise, o movimento de libertação teve de se transformar rapidamente em força governativa, sem tempo para maturação democrática, o que resultou num sistema com pouca abertura ao pluralismo.

Do Rosário sublinhou ainda que, durante muito tempo, o partido no poder absorveu todos os aspectos da vida nacional, dificultando o surgimento de alternativas políticas sólidas. "Há quem diga que o partido confundiu o Estado com ele próprio", observou.

Sobre os processos eleitorais marcados por tensão pós-eleitoral, o académico recorreu a uma citação de Samora Machel para ilustrar a situação: “O crocodilo mata-se quando é pequeno; se crescer, torna-se perigoso”.

 Segundo Lourenço do Rosário, o país negligenciou a construção de uma cultura democrática sólida desde o início, permitindo o fortalecimento de práticas autoritárias difíceis de reverter hoje.


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