Folha de Manica

Estudo da WaterAid Alerta para o Impacto das Mudanças Climáticas no Acesso à Água em Maputo

Estudo da WaterAid Alerta para o Impacto das Mudanças Climáticas no Acesso à Água em Maputo

Estudo da WaterAid Alerta para o Impacto das Mudanças Climáticas no Acesso à Água em Maputo

Um novo estudo da organização internacional WaterAid coloca Maputo entre as 100 cidades mais populosas do mundo que enfrentam riscos crescentes de inundações e secas, ameaçando o acesso à água potável para milhões de pessoas. 

O relatório, intitulado "Água e Clima: Riscos Crescentes para as Populações Urbanas", destaca que cidades africanas e asiáticas estão cada vez mais expostas a eventos climáticos extremos, agravando a vulnerabilidade das populações urbanas.

Maputo em Risco: Menos Chuvas e Mais Secas

Na Região Metropolitana de Maputo, que inclui os municípios de Maputo, Matola, Boane e Marracuene, a análise dos dados climáticos históricos e das projeções futuras indica uma redução da precipitação anual e um aumento das temperaturas. 

Essa tendência poderá diminuir os fluxos dos rios, aumentar a demanda por água e resultar em secas mais frequentes e intensas. Com um crescimento populacional de 3,6% ao ano e 70% dos habitantes vivendo em assentamentos informais, o risco de desastres relacionados à água torna-se ainda maior.

A WaterAid alerta que o fenômeno do "efeito de chicote hidroclimático", caracterizado pela alternância entre períodos de seca extrema e inundações severas, já afeta quase 20% das cidades analisadas, incluindo Maputo. Esse fenômeno tem impactos diretos na segurança hídrica, podendo comprometer sistemas de abastecimento de água, saneamento e higiene, essenciais para a saúde pública.

Crise Global: Água Como Causa de 90% dos Desastres Climáticos

O estudo ainda destaca que 90% de todas as catástrofes climáticas no mundo são causadas por excesso ou escassez de água. O número de desastres relacionados ao clima, como inundações e secas, aumentou 400% nos últimos 50 anos. 

Esse cenário exerce forte pressão sobre os sistemas de abastecimento de água e saneamento, dificultando a adaptação das comunidades e economias às mudanças climáticas.

A WaterAid comparou vulnerabilidades sociais e infraestruturais com mais de 40 anos de novos dados sobre riscos climáticos e concluiu que as cidades mais expostas a eventos extremos são também as menos preparadas para enfrentá-los. 

Problemas como pobreza e infraestrutura hídrica insuficiente tornam a população mais suscetível a doenças como cólera e febre tifoide em períodos de inundações, enquanto a escassez de água agrava as dificuldades de milhões de famílias durante as secas.

Apelo por Investimentos e Medidas Urgentes

Diante das conclusões do estudo, a WaterAid faz um apelo urgente para que governos, setor privado e instituições multilaterais implementem medidas para enfrentar a crise hídrica global. Entre as principais recomendações estão:

  • Aumento do investimento em sistemas de água e saneamento resistentes ao clima para garantir o acesso seguro à água, principalmente para populações vulneráveis;

  • Ação global coordenada entre governos e parceiros internacionais para fortalecer políticas de adaptação às mudanças climáticas;

  • Integração de medidas de saneamento e higiene nos planos nacionais de adaptação climática, com prioridade para grupos mais vulneráveis, como mulheres e crianças;

  • Garantia de transparência e participação comunitária nas decisões sobre gestão de recursos hídricos.

Maputo e Outras Cidades em Alerta

Além de Maputo, o relatório identificou outras cidades com risco elevado de secas e inundações, incluindo Adis Abeba (Etiópia), Hangzhou (China), Jacarta (Indonésia), Cairo (Egito) e Bogotá (Colômbia). 

O Sul da Ásia, especialmente cidades do Paquistão e Sri Lanka, foi apontado como um dos focos globais de risco, enquanto a Europa registra um aumento significativo de períodos de estiagem.

O Diretor Nacional da WaterAid Moçambique, Gaspar Sitefane, reforçou a importância de investir em serviços de água, saneamento e higiene para fortalecer a resiliência das populações urbanas. 

"Sem acesso confiável à água potável, as pessoas tornam-se vulneráveis a doenças e não conseguem enfrentar os impactos das mudanças climáticas. Precisamos de medidas urgentes para garantir a segurança hídrica e evitar futuras crises humanitárias", afirmou.

A WaterAid tem trabalhado com parceiros para desenvolver soluções sustentáveis, como a captação de água da chuva e a construção de infraestruturas resilientes a inundações. No entanto, a organização alerta que esses esforços não são suficientes sem o compromisso político e financeiro dos líderes globais.

📌 Fonte: WaterAid

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