Folha de Manica

Residentes de Nampula continuam a consumir água turva

O funcionamento ineficaz de alguns equipamentos instalados junto à estação de captação e aos centros de distribuição, juntamente com a escassez de produtos químicos, pode ser a causa do fornecimento de água com alto nível de turvação aos munícipes da cidade de Nampula, uma situação que persiste há cerca de dois meses.



Uma fonte não autorizada da empresa Água da Região Norte (AdRN), em Nampula, afirmou que os produtos usados no processo de purificação da água não estão a chegar regularmente à barragem de captação e ao centro de dosificação e distribuição, devido ao mau estado da via de acesso, que não permite a circulação das viaturas que transportam os produtos.



A AdRN, cedendo à pressão dos jornalistas, convocou para a manhã de hoje uma conferência de imprensa para justificar publicamente a distribuição de água com elevado nível de turvação aos mais de 700 mil habitantes de Nampula.



Não se sabe se a água distribuída pela AdRN é ou não própria para o consumo humano, numa altura em que alguns distritos, incluindo a cidade capital, estão a ser assolados por um surto de cólera e diarreias.



Ontem, a nossa reportagem esteve no laboratório de análise de águas e procurou saber se a água consumida na cidade de Nampula tem sido alvo de exames periódicos que possam determinar se ela não contém um grau de impurezas que a torne imprópria.



Paradoxalmente, os funcionários que atenderam o nosso jornalista disseram, após algumas chamadas telefónicas (porque o chefe não estava presente), que deveríamos voltar com uma carta de pedido de entrevista.



Este tipo de atitude, numa questão de interesse público, tem sido constante nos servidores do Estado ao nível da cidade de Nampula, limitando a liberdade de imprensa e o direito do cidadão à informação.



A situação de distribuição de água com alto nível de turvação ocorre após a cidade ter vivido, no último trimestre de 2024, uma das maiores crises de água, com restrições sem precedentes, que chegaram a deixar certas zonas sem fornecimento de água durante duas semanas.



A barragem chegou a ter níveis abaixo de 20% da sua capacidade, mas desde a segunda semana de janeiro, atingiu os níveis máximos e está a transbordar.


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