MANUEL DE ARAÚJO DESCARTA CANDIDATURA À PRESIDÊNCIA DA RENAMO, “TECNICAMENTE, NÃO HÁ POSSIBILIDADE”
O Presidente do Conselho Municipal de Quelimane, Manuel de Araújo, afastou a possibilidade de disputar a liderança da RENAMO, argumentando que não reúne os requisitos estabelecidos pelo partido para concorrer ao cargo.
A declaração foi feita durante uma entrevista concedida ao programa “Interação Matinal”, da TV Miramar, conduzido pelo jornalista Luciano Valentim.
No decorrer da conversa, Luciano Valentim questionou Manuel de Araújo sobre a sua eventual candidatura à liderança da RENAMO, tendo em conta que, nas eleições gerais de 2024 , foi apontado como potencial candidato a governador da província da Zambézia.
“Neste momento, há ou não há possibilidade de Manuel de Araújo tornar-se presidente da RENAMO?” — indagou o jornalista.
Em resposta, Manuel de Araújo foi taxativo: “Bom, tecnicamente falando, não há. O Conselho Nacional da RENAMO definiu critérios claros para a elegibilidade à presidência do partido. Um dos requisitos fundamentais é ter pelo menos 15 anos de militância ininterrupta. Essa palavra ‘ininterrupta’ foi escolhida com um propósito específico.”
O edil explicou que a sua trajetória política sofreu uma interrupção quando se afastou da RENAMO para concluir os seus estudos em Londres e, posteriormente, concorrer pelo MDM à presidência do município de Quelimane.
“Fui deputado pela RENAMO na Assembleia da República, mas depois regressei a Londres para terminar o meu doutoramento. Quando voltei, fui convidado pelo MDM para concorrer à presidência do município de Quelimane.
Essa mudança criou uma interrupção na minha militância, e, por isso, tecnicamente, não estou elegível para a presidência da RENAMO.”
Durante a entrevista, Manuel de Araújo estabeleceu um paralelo entre sua situação e à do também político Venâncio Mondlane, que foi impedido de concorrer à liderança da RENAMO pelos mesmos critérios internos.
“Essa condição é a mesma que, de certa forma, excluiu Venâncio Mondlane da corrida à liderança do partido. O critério pode ser compreensível para uns, mas, na minha opinião, foi desenhado com um objectivo específico: excluir certas figuras, nomeadamente eu e Venâncio Mondlane. Isso está claro para todos.”
O edil criticou a rigidez dos critérios estabelecidos pela direcção do partido e sugeriu que a RENAMO deveria refletir sobre os resultados eleitorais recentes antes de insistir em exclusões políticas.
“Se essas pessoas entendem alguma coisa de política, deveriam analisar os resultados das eleições autárquicas de 2023 e das gerais de 2024. Se vivem em Moçambique e acompanham a realidade política do país, deveriam ter uma postura diferente.
Mas estamos em África, e a lógica do poder aqui obedece a critérios diferentes dos da modernidade e da inovação.”
Foi questionado sobre quem poderia assumir a presidência da RENAMO, caso ele e Venâncio Mondlane fossem impedidos de concorrer, Manuel de Araújo evitou apontar nomes, mas destacou a necessidade de uma liderança capaz de restaurar a confiança dos moçambicanos.
“A nova liderança da RENAMO precisa reconquistar a confiança do povo. A realidade política exige renovação, estratégias eficazes e um compromisso inabalável com os ideais democráticos que sempre nortearam o partido.”