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O que acontece em Cabo Delgado é, na verdade, uma guerra, mesmo sem uma declaração oficial do Presidente da República ou do Conselho de Defesa e Segurança.
Para além dos confrontos armados, o conflito inclui também uma guerra de narrativas, onde diferentes actores tentam moldar a opinião pública de acordo com os seus interesses políticos e estratégicos.
O Governo e o partido no poder procuram transmitir a ideia de que as Forças Armadas estão a vencer, reforçando a confiança interna e externa no Estado. Essa abordagem, apoiada pelos meios de comunicação públicos, pretende mostrar competência e estabilidade, ainda que, por vezes, ignore as baixas no terreno.
Por outro lado, partidos da oposição, organizações da sociedade civil e algumas embaixadas expõem as fragilidades das forças governamentais, publicando informações sobre derrotas e dificuldades operacionais.
Este tipo de narrativa tem como objectivo pressionar o Governo a melhorar a sua resposta militar e humanitária, embora também possa criar pânico e afastar investidores.
Em Moçambique, as autoridades políticas e militares desempenham papéis distintos neste cenário. Enquanto os dirigentes políticos se concentram na comunicação estratégica, os militares, que enfrentam o conflito directamente, procuram um discurso mais realista e transparente. Assim, a verdade sobre a guerra em Cabo Delgado parece situar-se entre as duas versões — a oficial e a oposicionista.
Exemplos semelhantes são observados em guerras internacionais, como na Ucrânia ou no Médio Oriente, onde as narrativas políticas frequentemente distorcem a realidade do campo de batalha.
Hoje, mais do que nunca, a guerra deixou de ser apenas física: tornou-se também uma batalha de versões e percepções. Continua LER mais Clique Aqui
Fonte: Integrity Magazine
Foto: Reprodução/Integrity