Um relatório preliminar do Gabinete de Investigação de Acidentes Ferroviários e Aéreos de Portugal revelou uma série de falhas graves que levaram ao acidente do funicular da Glória, em Lisboa, ocorrido em 3 de setembro e que resultou em 16 mortos e 20 feridos.
De acordo com o relatório, o cabo subterrâneo que funcionava como contrapeso entre as duas carruagens era defeituoso e nunca havia sido certificado para transporte de passageiros. O documento aponta ainda que o cabo, adquirido em 2022 pela empresa Carris, não era tecnicamente adequado e não passou por testes antes de ser instalado.
A Carris informou ter demitido o chefe de manutenção de funiculares e elétricos após a divulgação das conclusões iniciais. O sistema de travagem de emergência, acionado corretamente pelo condutor no momento do acidente, também não funcionou e nunca havia sido testado.
O relatório destaca ainda que a empresa terceirizada responsável pela supervisão do funicular teria aprovado o equipamento no dia da tragédia, embora não haja certeza de que a inspeção realmente tenha ocorrido.
O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, afirmou que o relatório confirma que a tragédia teve origem em causas técnicas, não políticas. A Carris, por sua vez, declarou que ainda não é possível determinar se as irregularidades no uso do cabo tiveram impacto direto no acidente.
Entre as recomendações apresentadas, está a criação de um novo sistema de gestão de segurança conforme as normas europeias. Todos os funiculares e elevadores de Lisboa permanecerão fora de serviço até que as inspeções de segurança sejam concluídas.
O relatório completo deve ser divulgado em até 11 meses. Caso haja atrasos, um documento provisório mais detalhado será publicado.
Fonte: BBC News Portugal
Foto: Reprodução / BBC News