O Estado angolano é acusado de ter lesado o empresário Fernando da Costa Velasco Galiano, proprietário da Aerogalia Transporte Aéreo e da Inovadora Trading Lda., após este ter desempenhado um papel essencial nas operações militares que, entre 1997 e 2004, contribuíram para a queda de dois governos na África Central — em Brazzaville (República do Congo) e Kinshasa (República Democrática do Congo).
Durante esse período, Angola participou ativamente nos conflitos que levaram à destituição de Pascal Lissouba e Mobutu Sese Seko, facilitando a ascensão de Denis Sassou Nguesso e Laurent-Désiré Kabila ao poder.
Galiano foi responsável pelo transporte de tropas e armamento através da sua frota privada de cinco aviões, contratada pela Simportex, empresa de logística da Casa Militar da Presidência da República.
Apesar do papel decisivo nas missões, o empresário afirma que o Estado angolano não cumpriu as suas obrigações contratuais, atrasando o pagamento pelos serviços prestados por mais de oito anos. Esse atraso resultou em juros de mora superiores a 4,5 milhões de dólares, ainda não liquidados.
A falta de compensação financeira levou à falência da Aerogalia, ao desemprego de mais de 80 trabalhadores e à destruição de um projeto que poderia continuar a contribuir para a economia nacional.
Segundo Galiano, o caso representa “uma dívida não apenas financeira, mas também moral e histórica” do Estado angolano, que teria usado os recursos de cidadãos privados para cumprir objetivos políticos e militares sem garantir o devido retorno.
O episódio também levanta questões éticas e políticas. João Lourenço, atual Presidente da República e líder da União Africana, chegou a intervir no caso enquanto Secretário-Geral do MPLA, desbloqueando parte do pagamento. Contudo, os juros de mora e as compensações nunca foram pagos integralmente.
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A situação revela, segundo críticos, uma contradição entre o discurso internacional de Lourenço — que defende legalidade e estabilidade em África — e a forma como o Estado angolano tratou um cidadão que serviu o país em missões oficiais.
Para muitos analistas, a dívida de Angola com Fernando Galiano simboliza um padrão de exploração e desresponsabilização estatal, em que cidadãos e empresas privadas são utilizados em nome do interesse nacional e depois abandonados.
O caso, segundo especialistas, continua a manchar a imagem internacional do país e desafia o governo atual a reconhecer e reparar os erros do passado. Continua LER mais Clique Aqui