Protestos em Moçambique: Polícia Acusada de Matar Três em Nampula e Gera Tumultos em Quelimane

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Protestos em Moçambique: Polícia Acusada de Matar Três em Nampula e Gera Tumultos em Quelimane

Protestos em Moçambique: Polícia Acusada de Matar Três em Nampula e Gera Tumultos em Quelimane

A quarta etapa das manifestações populares em Moçambique, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane em contestação aos resultados das eleições de Outubro, registrou episódios violentos nesta quarta-feira (13).
 
Em Nampula, a Polícia é acusada de assassinar três pessoas — dois homens e uma mulher — no bairro de Namicopo, uma área densamente habitada. Os conflitos resultaram ainda em sete feridos e 22 detidos, segundo o relatório divulgado pela corporação.
 
Vídeos compartilhados nas redes sociais mostram agentes da Unidade de Intervenção Rápida (UIR) disparando balas reais e lançando gás lacrimogéneo contra residências e manifestantes que marchavam pacificamente.
 
A acção policial foi respondida com revolta pela população local, que perseguiu um agente da polícia, quase resultando em seu linchamento. O policial foi salvo por uma família que ofereceu abrigo temporário. Além disso, a sede do Posto Administrativo de Namicopo foi incendiada, intensificando o clima de tensão na região.
 
Em Quelimane, na província da Zambézia, os manifestantes também enfrentaram a repressão policial. A Polícia impediu a realização de uma marcha pacífica planejada para receber o edil da cidade, Manuel de Araújo, evento previamente autorizado pelas autoridades.
 
A acção policial, que incluiu o uso de balas reais e gás lacrimogéneo, provocou a reacção dos manifestantes, que erigiram barricadas e queimaram pneus nas ruas. Jornalistas e o próprio edil foram atingidos pelo gás lançado pela polícia, em um episódio que relembra a repressão ocorrida em Maputo, no mês passado.
 
Já na capital Maputo, e em áreas como o quilômetro 18, na Matola, o dia foi marcado por bloqueios de estradas e pelo fechamento de estabelecimentos comerciais.
 
Em contraste com os tumultos dos primeiros dias de protesto, houve um ar de calma tensa nas ruas, com movimentação reduzida de pessoas e veículos. O comércio e o transporte público também operaram em escala limitada.
 
A situação nas fronteiras e nos portos moçambicanos foi igualmente afectada. Nos portos de Maputo, Matola e Nacala, o movimento foi quase inexistente, enquanto o porto da Beira registrou uma leve actividade de caminhões.
 
Nas fronteiras de Ressano Garcia e Machipanda, as maiores do país, o cenário foi de estagnação, sem entrada ou saída de veículos ou viajantes. Ressano Garcia, que havia sido palco de incêndios na semana anterior, foi novamente bloqueada pelos manifestantes, formando uma barreira humana na Estrada Nacional Nº 4.
 
Uma longa fila de caminhões sul-africanos de transporte de minérios se formou, enquanto a Polícia de Fronteira e os militares das Forças Armadas de Defesa de Moçambique (FADM) mantinham-se acampados no local, armados e com veículos blindados.
 
As manifestações, que visam ocupar áreas estratégicas como fronteiras, capitais provinciais e portos para paralisar a actividade económica, estão programadas para encerrar sua primeira fase amanhã.
 
A organização já sinalizou que novas etapas serão anunciadas nos próximos dias, com o objectivo de intensificar a pressão sobre o governo, que declarou vitória nas eleições por meio do partido Frelimo e seu candidato, Daniel Chapo.
 
O episódio marca uma fase crítica no cenário político moçambicano, evidenciando o clima de insatisfação popular e a intensificação das tensões entre a população e as forças de segurança. Leia mais conteúdos aqui…
 
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