Manuel de Araújo Critica Mia Couto e Cobra Posição Sobre a Crise em Moçambique
Em uma carta aberta
contundente, Manuel de Araújo, político e figura pública moçambicana, direccionou
críticas severas ao escritor Mia Couto, acusando-o de omissão frente às crises
políticas e sociais em Moçambique.
A carta, divulgada
nesta quarta-feira, aborda temas delicados como a violência policial, os
protestos recentes e o papel de intelectuais em momentos de crise.
Manuel de Araújo inicia
destacando sua admiração passada por Mia Couto, mas relata como sua visão mudou
ao longo do tempo, principalmente após, segundo ele, o escritor ter cedido às
pressões do regime ao deixar de abordar questões sociais em suas colunas no Jornal Domingo.
Para Araújo, esse
momento marcou o início de uma postura acomodada e silenciosa, em troca de
benefícios pessoais e protecção a interesses económicos.
A carta também faz
referência à proximidade de Mia Couto com o governo do Presidente Filipe Nyusi,
incluindo sua participação em comissões estatais, como a de combate à COVID-19,
e associações que, segundo Araújo, minam sua credibilidade como voz crítica.
Araújo acusa Mia de
adotar uma postura neutra ou mesmo conivente diante de eventos trágicos
recentes, como o assassinato de Ivan, um jovem morto pela Unidade de
Intervenção Rápida durante manifestações em Quelimane.
A carta encerra com um
apelo incisivo para que Mia Couto “se levante” e use sua voz em prol da justiça
e do povo moçambicano. Araújo cita Martin Luther King Jr., afirmando que “o que
preocupa não é o barulho dos maus, mas o silêncio dos bons”.
Este episódio reacendeu
debates sobre o papel dos intelectuais em sociedades em crise e a responsabilidade
de figuras públicas renomadas em momentos críticos. Mia Couto ainda não se manifestou
sobre as declarações. Leia mais conteúdos[Clique Aqui]
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Segundo ele, o silêncio de Couto sobre essas tragédias é ensurdecedor. "Esperava que usasses tua estatura de escritor renomado para condenar a violência e apelar ao diálogo, mas permaneceste calado", escreveu.Além disso, Araújo critica Mia por não usar sua posição para influenciar líderes políticos e denunciar as injustiças vividas pelo povo. Ele aponta que o escritor prefere proteger seus interesses e relações ao invés de se posicionar publicamente.(alert-success)