Faça o Que Dizemos, Não o Que Fazemos": Justiça Condena Protestos e Ignora Mortes Atribuídas à Polícia
Enquanto a quarta fase
das manifestações convocadas pelo candidato da oposição Venâncio Mondlane tem
início, a postura das autoridades em relação aos protestos pós-eleitorais
continua a gerar controvérsia.
Em pronunciamentos
recentes, o comandante-geral da Polícia, Bernardino Rafael, condenou
veementemente os tumultos e reiterou que mais de 200 processos criminais foram
abertos contra manifestantes. Além disso, o Ministério Público anunciou ações
cíveis para exigir indenizações por prejuízos causados durante os
protestos.
Contudo, a narrativa
oficial omite um aspecto crucial: as acusações de violência e uso excessivo de
força por parte da polícia, que teria resultado em mais de 30 mortes desde o
início das manifestações.
Relatos apontam que
algumas vítimas não estavam sequer protestando, sendo atingidas por disparos
dentro de suas próprias casas. Mesmo diante dessas denúncias graves, o sistema
de justiça permanece em silêncio, sem qualquer investigação ou condenação dos
policiais envolvidos.
A estratégia
governamental de tratar os protestos unicamente como uma questão de ordem
pública, ignorando suas motivações políticas, tem gerado críticas intensas.
Enquanto as forças de
segurança reprimem manifestantes e bloqueiam vias, como na Avenida Julius
Nyerere em Maputo, pouco se faz para garantir transparência e responsabilização
por acções que resultaram em mortes e ferimentos graves.
Essa abordagem selectiva
evidencia uma justiça que parece servir a interesses políticos em vez de
proteger os direitos dos cidadãos. "Os manifestantes são criminalizados,
enquanto os agentes do Estado que mataram dezenas continuam impunes. Isso é
inaceitável", afirmou um analista político sob anonimato.
Os protestos, que têm
como pano de fundo a contestação aos resultados eleitorais de Outubro, reflectem
uma crescente insatisfação popular com a falta de responsabilidade e
imparcialidade das instituições do país.
O silêncio sobre as
mortes atribuídas à polícia apenas reforça a percepção de impunidade e
desconfiança no sistema de justiça moçambicano. (ZITAMAR)
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