Contradições do Comandante-Geral da PRM em Discurso Sobre Segurança e Retorno às Atividades
Na última terça-feira (12/11), o Comandante-Geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, realizou uma conferência de imprensa marcada por declarações que geraram controvérsia.
Durante o evento, onde teve o direito de selecionar quais órgãos de comunicação social poderiam fazer perguntas, Rafael reafirmou o compromisso da PRM em garantir segurança e proteção em todo o país.
Ele apelou para que as crianças retornassem às escolas para realizarem exames e que todos os trabalhadores voltassem aos seus postos nesta quarta-feira, 13 de novembro.
Rafael destacou que a polícia estaria posicionada em pontos estratégicos para assegurar a segurança de pessoas e propriedades.
Entretanto, a fala do Comandante-Geral foi marcada por contradições. Mesmo enquanto apelava ao retorno das atividades normais, uma decisão da própria PRM adia importantes exames na Escola de Sargentos da Polícia (ESAPOL), em razão da mesma insegurança que ele minimizou publicamente.
Em documento oficial, a direção da ESAPOL comunicou o adiamento dos exames de admissão para o VIII Curso de Sargentos da Polícia, que estavam previstos para os dias 13, 14 e 16 de novembro.
O ofício, assinado pela Comissão de Exames de Admissão, esclarece que a alteração da ordem e segurança pública na data citada motivou a decisão, e uma nova data será anunciada em momento oportuno.
A situação expõe uma contradição clara. Enquanto Rafael exorta alunos e funcionários a retomarem suas atividades, a própria instituição altera compromissos importantes em função de preocupações com a segurança.
Essa postura contraditória do Comandante-Geral é vista como uma continuação de promessas e “ultimatos” que, desde que assumiu o cargo em outubro de 2017, nunca foram cumpridos integralmente.
Durante a crise em Cabo Delgado, por exemplo, Rafael deu um prazo de uma semana para que os “malfeitores” se entregassem; agora, ele volta a usar um tom severo ao afirmar que conhece a identidade e residência dos “terroristas urbanos” que têm protagonizado manifestações.
A indefinição quanto ao retorno à normalidade também se reflete na fala de figuras políticas como Venâncio Mondlane, que alerta que a fase atual dos conflitos pode se prolongar indefinidamente, até que se encontre uma solução para a “quarta etapa” das tensões no país.
Essa incerteza gera ainda mais apreensão entre os formandos da ESAPOL, que dedicaram meses de preparação para os exames e agora enfrentam um adiamento sem data definida. Leia mais conteudos...