Demora na Divulgação dos Resultados em Moçambique Levanta Suspeitas sobre Transparência Eleitoral
Quatro dias após as eleições presidenciais, parlamentares e provinciais em Moçambique, a divulgação dos resultados oficiais continua a ser alvo de duras críticas da sociedade civil e de analistas políticos.
A principal preocupação levantada por diversos setores da população reside na falta de transparência do processo eleitoral, que, segundo eles, pode abrir espaço para a manipulação dos resultados, favorecendo determinadas coligações políticas.
O Centro para Democracia e Direitos Humanos (CDD) emitiu um comunicado no domingo, 13, onde expressou preocupações sobre o atraso na divulgação dos resultados e a ausência de clareza em várias fases do processo eleitoral.
A organização afirmou que a "demora e falta de transparência na divulgação dos resultados pode dar lugar à manipulação para beneficiar a coligação FRENAMO" — uma aliança entre os partidos Frelimo e Renamo.
Na mesma publicação, o CDD destacou a preocupação de que, caso os resultados sejam manipulados em favor da Frelimo, isso abriria um precedente para que a Renamo também fosse beneficiada posteriormente no acordo entre as duas forças políticas.
Essa suspeita tem gerado desconfiança e receio na população, uma vez que o processo eleitoral deveria ser justo e imparcial.
De acordo com a legislação eleitoral moçambicana, os resultados oficiais devem ser anunciados no prazo de 15 dias após a votação.
No entanto, a antecipação de resultados por candidatos, como o caso de Venâncio Mondlane, que alegou vitória nas redes sociais, intensifica o clima de incerteza.
O jornalista Luís Nhanchote, em declarações públicas, também apontou a falta de profundidade das missões de observação eleitoral internacionais.
Ele argumenta que os observadores raramente estão presentes nos momentos críticos, especialmente durante a contagem dos votos na madrugada, o que compromete a fiabilidade das suas análises.
Nhanchote defende a modernização do processo eleitoral moçambicano, sugerindo que parte dos recursos do futuro fundo soberano, derivado da exploração de gás natural, poderia ser usada para acelerar e garantir maior transparência na divulgação dos resultados eleitorais.
A demora e a falta de clareza no processo de divulgação dos resultados em Moçambique colocam em questão a integridade das eleições e destacam a necessidade urgente de reformas no sistema eleitoral para garantir processos mais transparentes e confiáveis.
FONTE: VOA PORTUGUES